A mãe da adolescente de 15 anos que morreu vítima de feminicídio na cidade de Monteiro, na Paraíba, na tarde deste domingo (14), disse que Maria Vitória dos Santos vinha tentando terminar o relacionamento com o suspeito porque tinha medo e recebia ameaças. Gilson Cruz, de 56 anos, foi preso em Pernambuco.
“Ela queria sair [do relacionamento], tentava. Estudava em uma escola o dia todo, e foi pra outra. E não conseguia, porque ele tava atrapalhando tudo. […] Tinha hora que ela não conseguia falar com medo, eu percebia na ligação o medo dela”, afirmou Maria Lúcia dos Santos Farias.
Em entrevista à TV Paraíba, a mãe da jovem relatou que o homem iniciou o relacionamento com a adolescente quando ela tinha apenas 13 anos, o que pode configurar estupro de vulnerável, segundo o Código Penal. Maria Vitória conheceu o suspeito quando começou a trabalhar na padaria dele, há cerca de dois anos.
A mãe de Maria Vitória também relembrou que a vítima ficava sem celular porque o homem quebrava o aparelho telefone dela, e que a mão da adolescente era ferida por mordidas. A mãe estava morando em São Paulo e planejava retornar para buscar a filha, mas não conseguiu voltar antes do crime.
A mãe da vítima disse que percebia o medo da filha através das ligações realizadas entre as duas e que chegou a ver, através de chamadas de vídeo feitas no celular de Maria Vitória pelo suspeito, cenas dos dois em momentos íntimos.
“Ele não respeitava, fazia ligação de vídeo para eu ver ele com ela na cama, aí eu já desligava. Ela falava que era ele que me obrigava a ver isso tudo. Ele fez isso para destruir a gente”, afirmou.
O crime
O suspeito tem 56 anos e, de acordo com testemunhas, mantinha um relacionamento com Maria Vitória dos Santos. Eles estariam bebendo dentro da casa de Gilson quando uma discussão foi iniciada, momento em que o homem teria feito os disparos com a arma que matou a adolescente.
A adolescente contou em mensagem de áudio que o suspeito, Gilson Cruz, era violento e já tinha ameaçado ela com uma arma de fogo. O caso registrado no final da tarde deste domingo (14) é tratado como feminicídio.
“Ele já tentou fazer muita coisa comigo, né? Tipo, já jogou a pistola na minha cara, estourou a minha cabeça, aí tive que dar ponto na UPA, um monte de coisa. Só que eu nunca tive coragem de denunciar ele. Assim, né, coragem de fazer mal a ele e para os meus pais, entende?”, afirmou a adolescente no áudio.
De acordo com o delegado da Polícia Civil encarregado do caso, Sávio Siqueira, não há registros de denúncias de violência doméstica da adolescente contra Gilson Cruz na Delegacia da Polícia Civil de Monteiro.
Com G1/PB